sábado, 7 de novembro de 2009

Desde Cuba

Yoani Sánchez (mesmo sobrenome materno de meu pai) é uma exilada em seu país. Tece, fio a fio, sua liberdade. Constrói, pavio a pavio, sua paciência de Penélope. Sandro Vaia, meu ex-chefe no Estadão, escreveu um livro sobre ela e seu trabalho - que ainda não li por falta de oportunidade e por não ter dado de cara com o dito cujo. Em 1959, Cuba foi libertada pela revolução popular, liderada por muitos e, afinal, empalmada por Fidel. É compreensível que se racionem as liberdades até que as coisas tomem prumo. Mas quem conduz o processo acaba gostando da coisa e, a pretexto de se manter a revolução, essas liberdades acabam sendo acessórias. Cuba passou dos limites e Yoani é exemplo disso. Seja lá, aqui, na Coréia do Norte ou na Islândia, gritarei: tire suas mãos de mim. Pela liberdade de opinião, pela liberdade de contestação, Yoani livre para pensar e escrever. Transcrevo seu depoimento sobre a tentativa de intimidação de que foi vítima. Contrarrevolucionários é o catso.
Pra ler Yoani vá a http://www.desdecuba.com/generaciony/ ESPALHEM.


Cerca de la calle 23 y justo en la rotonda de la Avenida de los Presidente, fue que vimos llegar en un auto negro –de fabricación china– a tres fornidos desconocidos: “Yoani, móntate en el auto” me dijo uno mientras me aguantaba fuertemente por la muñeca. Los otros dos rodeaban a Claudia Cadelo, Orlando Luís Pardo Lazo y una amiga que nos acompañaba a una marcha contra la violencia. Ironías de la vida, fue una tarde cargada de golpes, gritos y malas palabras la que debió transcurrir como una jornada de paz y concordia. Los mismos “agresores” llamaron a una patrulla que se llevó a mis otras dos acompañantes, Orlando y yo estábamos condenados al auto de matrícula amarilla, al pavoroso terreno de la ilegalidad y la impunidad del Armagedón.

Me negué a subir al brillante Geely y exigimos nos mostraran una identificación o una orden judicial para llevarnos. Claro que no enseñaron ningún papel que probara la legitimidad de nuestro arresto. Los curiosos se agolpaban alrededor y yo gritaba “Auxilio, estos hombres nos quieren secuestrar”, pero ellos pararon a los que querían intervenir con un grito que revelaba todo el trasfondo ideológico de la operación: “No se metan, estos son unos contrarrevolucionarios”. Ante nuestra resistencia verbal, tomaron el teléfono y dijeron a alguien que debió ser su jefe: “¿Qué hacemos? No quieren subir al auto”. Imagino que del otro lado la respuesta fue tajante, porque después vino una andanada de golpes, empujones, me cargaron con la cabeza hacia abajo e intentaron colarme en el carro. Me aguanté de la puerta… golpes en los nudillos… alcancé a quitarle un papel que uno de ellos llevaba en el bolsillo y me lo metí en la boca. Otra andanada de golpes para que les devolviera el documento.

Adentro ya estaba Orlando, inmovilizado en una llave de kárate que lo mantenía con la cabeza pegada al piso. Uno puso su rodilla sobre mi pecho y el otro, desde el asiento delantero me daba en la zona de los riñones y me golpeaba la cabeza para que yo abriera la boca y soltara el papel. En un momento, sentí que no saldría nunca de aquel auto. “Hasta aquí llegaste Yoani”, “Ya se te acabaron las payasadas” dijo el que iba sentado al lado del chófer y que me halaba el cabello. En el asiento de atrás un raro espectáculo transcurría: mis piernas hacia arriba, mi rostro enrojecido por la presión y el cuerpo adolorido, al otro lado estaba Orlando reducido por un profesional de la golpiza. Sólo acerté a agarrarle a éste –a través del pantalón– los testículos, en un acto de desespero. Hundí mis uñas, suponiendo que él iba a seguir aplastando mi pecho hasta el último suspiro. “Mátame ya” le grité, con la última inhalación que me quedaba y el que iba en la parte delantera le advirtió al más joven “Déjala respirar”.

Escuchaba a Orlando jadear y los golpes seguían cayendo sobre nosotros, calculé abrir la puerta y tirarme, pero no había una manilla para activar desde adentro. Estábamos a merced de ellos y escuchar la voz de Orlando me daba ánimo. Después él me dijo que lo mismo le ocurría con mis entrecortadas palabras… ellas le decían “Yoani sigue viva”. Nos dejaron tirados y adoloridos en una calle de la Timba, una mujer se acercó “¿Qué les ha pasado?”… “Un secuestro”, atiné a decir. Lloramos abrazados en medio de la acera, pensaba en Teo, por Dios cómo voy a explicarle todos estos morados. Cómo voy a decirle que vive en un país donde ocurre esto, cómo voy a mirarlo y contarle que a su madre, por escribir un blog y poner sus opiniones en kilobytes, la han violentado en plena calle. Cómo describirle la cara despótica de quienes nos montaron a la fuerza en aquel auto, el disfrute que se les notaba al pegarnos, al levantar mi saya y arrastrarme semidesnuda hasta el auto.

Logré ver, no obstante, el grado de sobresalto de nuestros atacantes, el miedo a lo nuevo, a lo que no pueden destruir porque no comprenden, el terror bravucón del que sabe que tiene sus días contados.

Por que nossa cozinha é a mais criativa do planeta

Não suporto bacalhau, mas gosto de receitas. É como o jazz. Pega-se um tema, cria-se sobre ele e se desenvolve a arte. Retirei esta da Globo Rural. Imagino que alguém faça jazz e varie com o insumo básico, ou seja, invente algo com outra carne: camarão, filé minhon, por exemplo. Mantenho todo o texto. Molho de mandioca? Deve ser do céu. Boa mesa, boas almas. Suerte.

Texto Camila Pastorelli
Fotos (que aqui não aparecem, não sei por quê) de Fernanda Bernardino



A receita inicial do prato era do pai, Seu João Guauberto Nunes, que pegava o pintado e o deixava secar no varal até chegar no ponto. O 'peixe seco', como ele chamava, era feito para a quaresma. A família comia o peixe durante os 40 dias até a Sexta-feira Santa. Inspirada pelo pai, cozinheiro de mão cheia, a sul-mato-grossense Catarina Nunes, de 48 anos, resolveu inventar mais um pouco e acrescentou o molho de mandioca. Pronto. Surgiu, assim, o 'bacalhau pantaneiro'.

Nascida na cidade de Corumbá, MS, essa produtora rural de sorriso fácil conta que cozinha desde os 8 anos de idade. Já teve restaurante, mas hoje realiza cursos de alimentação alternativa, nos quais ensina maneiras de aproveitar as sobras de alimentos, como cascas de banana e escamas de peixe.

Aliás, por estar em uma região com uma vasta variedade de peixes, usa e abusa do animal: faz quibe, hambúrguer e até linguiça. 'Do peixe, a gente só não aproveita o espinho', diz a animada Catarina. A receita do 'Bacalhau Pantaneiro' venceu o segundo Salão de Turismo de Mato Grosso do Sul, em maio, e o prato foi escolhido para representar o estado na quarta edição do Salão Nacional do Turismo, realizada em São Paulo, no mês de julho.

Para encontrar o pintado seco e salgado, basta dar uma passada no porto de Corumbá e procurar pela Banca da Bibiana, que, de acordo com a culinarista, é a única que além dela sabe como preparar o peixe. Caso você esteja sem tempo para viajar para o Mato Grosso do Sul nos próximos dias, não se preocupe, Catarina compartilha o segredo. 'É só abrir o pintado ao meio, colocar bastante sal (grosso ou fino) e o deixar descansando por meia hora. Depois você deixa o peixe secando no varal, igual roupa mesmo, por dois ou três dias.'

O 'bacalhau de pintado' é também uma deliciosa alternativa para o bolso, além de valorizar a diversidade da gastronomia brasileira. A inventiva Catarina se diz fascinada pelo ambiente da culinária. 'A cozinha é uma arte que abrange todos os sentidos.' Seu João, falecido há mais de 30 anos, ficaria orgulhoso de ver a filha levando seu peixe seco da quaresma para os paladares de todo o país.



BACALHAU PANTANEIRO
(Corumbá, Mato Grosso do Sul)


Ingredientes
• 1 kg de pintado seco e salgado;
• 600 g de batatas em rodelas;
• 2 cebolas médias em rodelas;
• 200 g de azeitonas pretas;
• 100 ml de azeite de oliva;
• 50 ml de coloral;
• 100 g de mandioca ralada crua;
• 500 ml de água ou caldo de bacalhau (pintado);
• 1 xícara de água fervendo.
• 1 pimentão vermelho em rodelas;
• 1 pimentão verde em rodelas;

Como fazer
Pegue uma travessa e faça camadas com os ingredientes. Coloque as batatas pré-cozidas, o pintado pré-cozido e dessalgado, as cebolas, as azeitonas e o azeite. Separe a água do cozimento do pintado para fazer um molho com a mandioca.

Molho: Cozinhe a mandioca ralada, com azeite e sal, no caldo de pintado com água. Depois, adicione o coloral e deixe ferver. A consistência é a de um mingau. Depois de intercalar as camadas com o molho, feche a travessa com papel alumínio e leve ao forno a 180º por cerca de 40 minutos. Ao retirar do forno, adicione mais azeite e sirva com arroz.