sábado, 10 de outubro de 2015

Mané, um brasieiro

Certa vez Eusébio (gênio) disse a Pelé (gênio no superlativo) algo como "nós fomos excepcionais, mas Garrincha foi, entre nós, o melhor de todos". Messi, Cristiano, Ibraimovich e outros são gênios. Mas não são no superlativo como Pelé. E nunca haverá - ou que o futuro desminta - um jogador como Garrincha. Novesfora ser nada atleta, com a coluna torta, joelhos e pernas tortos, cabeça torta, desmentia tudo o que seu corpo mostrava e jogava como ninguém (nem George Best, pra mim um quase ele). Fazia do espaço de um lenço um latifúndio, como escreveu Armando Nogueira. Quando tinha campo aberto à frente, então, era o senhor. Não driblava só pela direita. Fazia muito mais. Nem Pelé, putada, nem Pelé. Garrincha e Pelé (mais aquele timaço que tinha Didi, Vavá...) ganharam a Copa de 58, quando saíram do banco. Em 62, Pelé estourou a perna e Garrincha, que "só driblava pela direita", driblou pelo meio, fez gol de falta, chutou bunda de zagueiro (e foi absolvido em nome do futebol), mandou nos jogos e ganhou a Copa. Em 66, já meio cozido pelo álcool, apanhou feito cachorro, assim como Pelé. Mas aí é depois. Nenhum jogador brasileiro ganhou duas copas dando show. Só Manoel Francisco dos Santos. O maior gênio do futebol de todos os tempos (seu final não importa aqui). Eusébio disse a Pelé e deve ter dito em outra dimensão ao George Best e diria a Messi, Cristiano Ronaldo e a mim: pessoal, jogamos pra caralho, mas esse torto bebeu na encruzilhada.

https://www.youtube.com/watch?v=gycn9hkXRCA